sábado, 27 de setembro de 2014

Espécie de pássaro recém-descoberta na Bahia está ameaçada de extinção

 Uma nova espécie de pássaro natural da mata atlântica mal foi descoberta e já se encontra ameaçada de extinção.

O pequeno pássaro de 12 cm de altura, conhecido popularmente como macuquinho-preto-baiano, foi cientificamente batizado como Scytalopus gonzagai em homenagem ao pesquisador Luiz Pedreira Gonzaga.

Há mais de 20 anos, Gonzaga observou pássaros na região de Boa Nova, na Bahia –a 480 quilômetros da capital Salvador– e havia coletado e empalhado um exemplar, sem saber que se tratava de uma nova espécie.

Não teria sido fácil o cientista identificar o pássaro como um animal ainda desconhecido. A espécie é muito semelhante a seu "primo" Scytalopus speluncae –ou macuquinho-preto–, em coloração e tamanho.
Curiosamente, as duas espécies de pássaro, mesmo habitando áreas geograficamente separadas (a S. speluncae ocorre entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul), são fisicamente semelhantes.

Mas quatro características permitiram que o zoologista Giovanni Maurício, da Universidade Federal de Pelotas, e seus colaboradores diferenciassem os S. gonzagai dos S. speluncae.

A primeira é o tamanho do bico –na espécie recém-descoberta ele é maior e mais robusto. A segunda é uma cauda menor.

Terceira: após gravar o canto dos diferentes pássaros, os pesquisadores foram separar as espécies pela "identidade vocal" das aves.

E a quarta, que ratifica as demais, é a análise genética. Foi feito um sequenciamento genético das duas espécies, e foi constatado que os S. gonzagai e os S. speluncae tiveram um ancestral em comum há cerca de 7 milhões de anos.

Para se ter uma ideia, o último ancestral comum entre o homem o chimpanzé habitou o planeta há cerca de 6 milhões de anos.

EXTINÇÃO

Os cientistas estimam que há menos de 3 mil exemplares da nova espécie, um para cada dois hectares (ou cinco campos de futebol), o que a coloca em perigo de extinção.

O habitat natural é restrito a regiões mais montanhosas e frias da mata atlântica, já bastante raras após a ocupação humana.

O pássaro faz seus ninhos entre pedregulhos, geralmente no chão, e não consegue voar por muito mais que cinco metros. Isso pode fazer com que o S. gonzagai seja predado por cobras e até mesmo por algumas aranhas, segundo o pesquisador. O estudo, financiado pela BirdLife International e pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foi publicado na revista norte-americana "The Auk", especializada em ornitologia –estudo de aves.
 

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