sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Vídeo sobre o 6° Congresso Nacional do MST

Lutar, construir Reforma Agrária Popular!

Entre os dias 10 a 14 de fevereiro de 2014, aconteceu o 6° Congresso Nacional do MST, em Brasília. Na ocasião, mais de 15 mil Sem Terra, oriundos de 23 estados do Brasil mais o Distrito Federal, além de 1000 crianças Sem Terrinha e a presença de 200 convidados internacionais dos cinco continentes do mundo, se reuniram para participarem de um dos momentos mais importantes do MST, quando se consolida a linha política para o período seguinte.

“Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!” foi o lema do 6° Congresso, que representa a síntese das tarefas, desafios e do papel do Movimento no período histórico que se abre.

sábado, 6 de dezembro de 2014

OCA / Cineclube Mocamba realiza cobertura colaborativa da abertura 3ª Jornada de Agroecologia da Bahia 2014

Foto: Jackson Souza
Começou nesta quinta feira a III Jornada de Agroecologia da Bahia. Para esse ano o tema da Jornada é "Sementes, ciência , tecnologia e agroecologia para mudar a realidade das comunidades no campo e na cidade". O primeiro dia de evento teve como sustentação o acolhimento e o diálogo entre os diversos elos que compõem a Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica. 
Foto: Jackson Souza
Foto: Jackson Souza
Na abertura da 3ª jornada a mística retratou o histórico da Jornada e da Teia, que inclui, desde 2012, vários trechos em comunidades tradicionais do Sul da Bahia, mobilizações com os tupinambás e a formação da Brigada Audiovisual. A mística ressaltou também a importância do movimento na luta pela liberdade das nossas sementes e da terra contra as grandes empresas do agronegócio.
Foto: Jackson Souza
Foto: Jackson Souza
Foto: Jackson Souza
Foto: Jackson Souza
A OCA/Cineclube Mocamba esteve presente na abertura da 3ª Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista, município de Arataca, sul da Bahia e realizou cobertura colaborativa do evento. 
 
Assistam o audiovisual produzido no link abaixo.

Após a mística, um representante de cada elo da Teia deu a saudação para o início da Jornada.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

I Feira Troca Troca de Sementes Crioulas e Economia Solidária na III Jornada de Agroecologia da Bahia


Jornada: I Feira Troca Troca de Sementes Crioulas

A III Jornada de Agroecologia da Bahia vem com novidade. Vamos integrar à programação a I Feira Troca Troca de Sementes Crioulas e Economia Solidária.

Convidamos tod@s que vierem para a Jornada a participar. Tragam suas sementes, mudas e saberes para trocar e semear.

PROGRAMAÇÃO DA III JORNADA DE AGROECOLOGIA DA BAHIA

 
Assentamento Terra Vista – Arataca | Bahia
3 a 7 de dezembro de 2014
Tema Geral:
Semente, ciência e tecnologia para mudar a realidade das comunidades no campo e na cidade
PROGRAMAÇÃO

03.12 (quarta)
8h às 18h: Chegada, credenciamento, alojamentos

04.12 (quinta-feira)
6h: Amanhecer Sagrado
8h às 11h: Caminhada pelo Assentamento
14h: Mística de Abertura
19h30: Diálogos com o tema de abertura: Agroecologia, ciência, movimento e práticas para a transformação da sociedade

05.12 (sexta-feira)
6h: Amanhecer Sagrado
8h: Mística de Abertura
Mesa Interativa com o tema: Sementes, patrimônio genético dos povos e da humanidade
10h às 12h / 14h às 18h: Oficinas, mini-cursos, palestras (em breve, lista das atividades)
17: Troca-Troca de Sementes Crioulas
Feira de Economia Solidária
Troca de Saberes
19h30: Cineclube
Apresentações Culturais
Fogueira

06.12 (sábado)
6h: Amanhecer Sagrado
8h: Mística de Abertura
Mesa Interativa com o tema: Agroecologia, educação e luta de classe
10h às 12h / 14h às 18h: Oficinas, mini-cursos, palestras (em breve, lista das atividades)
17: Troca-Troca de Sementes Crioulas
Feira de Economia Solidária
Troca de Saberes19h30: Grande Confraternização

07.12 (domingo)
8h30: Memória dos dias aateriores
Leitura do Documento Final para deliberações
Mesa interativa com o tema: Agroecologia e Governança
Encaminhamentos
Leitura de aprovação do Documento Final
13h30: Encerramento com grande cortejo e mística



Apoiamos essa iniciativa:

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Pequeno produtor agroecológico francês busca alternativas de comercialização para os seus produtos


Arnaud Nunes, 40 anos, de descendência franco-portuguesa, vive na cidade de Aulnay, na França e é agricultor orgânico desde 2010. Em entrevista para Beto Oliveira e Mati Chaigneau, esse pai de dois filhos conta um pouco de sua história.
Arnaud Nunes, sendo entrevista por Mathilde Chaigneau.
Antes de se tornar agricultor, Arnaud teve muitas profissões, sempre relacionadas com o campo agrícola. Ele foi empregado numa fazenda de 400 ha, onde trabalhou com produção convencional de hortaliças durante 15 anos, depois trabalhou vendendo máquinas agrícolas, experiência que não lhe agradou muito.

Seu último emprego foi na Câmara da Agricultura do Território, órgão respectivo à uma Regional da Secretaria de Agricultura no Brasil. Durante esse trabalho conheceu diversas experiências e aprendeu muita coisa, foi nesta época que teve acesso a um estudo sobre agricultura, feito em 1974, que tinha informação sobre sua região. Foi quando percebeu que não existiam produtores de hortaliças nesse local.

Refletindo sobre essa informação, com o passar do tempo resolveu voltar para a terra que herdara do avô, os 6 ha que foram herdados pelos pais. Quando seus pais estavam para vender a propriedade, propôs-lhes de utilizar a terra para uma experiência, garantindo que se não desse certo, a venderia em seguida. Iniciou sua produção orgânica de hortaliças e não parou mais. Sua propriedade recebeu o nome "Le Jardin de Maurice" ( O Quintal de Maurice), em homenagem ao seu avô.

Para ele, existe uma grande diferença entre a agricultura convencional e a orgânica. A primeira, foca em lutar contra as doenças utilizando moléculas químicas e não se preocupa com o estado da terra. A segunda, demonstra grande preocupação com o estado da terra e evita as doenças graças à rotação de cultura.

Com base na segunda proposta, ele faz rotação de cultura em sua propriedade utilizando cereais e hortaliças, pois, apesar dos cereais não gerarem muita renda, possibilitam deixar sua terra mais saudável. Após a colheita, os cereais são vendidos principalmente à um agricultor, que usa na alimentação dos animais, para produção de leite orgânico. Às vezes ele vende parte dos cereais para um produtor de cerveja orgânica e para um produtor de biscoitos orgânicos.
Uma das diversas espécies de batata que são produzidas e comercializadas por Arnaud.
Arnaud tem como cultivo principal a batata ("pomme de terre"), que é bastante plantada na região e tem um ciclo de rotação de 6 a 7 anos, ou seja, durante esse período ele não pode plantar batata novamente na mesma área. Também cultiva hortaliças, que são sua principal fonte de renda, pois planta cerca de 50 variedades. Entre elas tem de tudo, as hortaliças de verão, como berinjela, tomate, abobrinha e pimentão e, as hortaliças de "guarda" (produzidas durante o inverno), como nabo, beterraba, cenoura, batata, "celeri" (aipo) e abóboras

Dentro dos 6 ha de terra ele possui uma área de 1.000 m2 coberta com estufas, que conseguiu com a renda gerada pela comercialização dos "paniers" (cestas), sem a necessidade de financiamento com o banco, coisa que ele deixa claro evitar sempre que possível. Nessa área é onde se concentra a produção de hortaliças, sendo responsável pela garantia da variedade de produtos no inverno, que é bastante rigoroso na região e delimita bastante a produção.

Alguns agricultores convencionais que visitam sua área se surpreendem, pois existem poucas ervas daninhas. Arnaud explica que como não usa adubo químico, não tem infestação de ervas daninhas, com isso não necessita usar agrotóxico para controla-las, o que provoca o aumento das ervas daninhas.

Quando o assunto é a comercialização ele também tem suas estratégias. Atualmente trabalha com três mercados certos para vender seus produtos, a feira municipal de Saint-Dizier, o sistema de "paniers" (cestas) e, a entrega dos produtos que não são vendidos na feira para o refeitório de um órgão público na cidade de Troyes (município vizinho).

Entre essas estratégias de comercialização a principal é a Feira Municipal de Saint-Dizier, que ocorre todo sábado de 8 às 12 horas e tem grande frequência dos moradores. Durante a feira a barraca de Arnaud está sempre cheia, havendo fila para o atendimento, que é realizado por ele, sua mãe ou seu pai (às vezes os dois) e uma pessoa contratada.

A barraca apresenta grande variedades de produtos, diversas hortaliças, batatas, feijões, temperos verdes, ovos e frutas variadas, que as vezes são compradas de outros produtores orgânicos e revendidas. Ele também vende outros produtos que são de seus vizinhos, como óleo de girassol e canola, feijão verde e lentilha seca.
 
Alguns dos produtos comercializados na feira, ao fundo berinjelas e pimentões, na frente diferentes tipos de abóboras.
Além da feira, ele desenvolveu o sistema de comercialização de "paniers" (cestas), o que lhe garante certeza da comercialização de seus produtos e uma boa renda extra. O sistema de "paniers" funciona da seguinte forma: o agricultor oferece online toda segunda feira, a um grupo definidos de pessoas, uma lista dos produtos semanais, que os interessados buscam toda sexta feira, na casa do produtor, ao custo de dez euros.

Arnaud conseguiu fechar um contrato anual com um grupo de 40 pessoas, moradores da região que tinham interesse em obter alimentos orgânicos. Com base nesse acordo eles funcionam como se fossem uma AMAP - Association de Maintien de la Agriculture Paysan (Associação de Manutenção da Agricultura Camponesa), onde o agricultor se compromete e entregar, durante o período de um ano, cestas semanais com alimentos orgânicos e, os moradores, por sua vez, se comprometem em garantir a compra destas cestas.

Também oferece o serviço de "paniers" para diversos moradores de Saint-Dizier, que buscam as cestas na feira municipal, ao custo de 10 euros. É o agricultor que decide o que vai dentro das cestas (no geral vão sempre batatas no fundo) e os produtos tem o mesmo valor que são vendidos na barraca, mas evita que as pessoas tenham que escolher ou esperar na fila para comprar, quando chegam na feira os "paniers" já estão prontos.

Como forma de garantir que seus produtos são orgânicos ele trabalha com duas certificações, o selo francês (AB) e o da União Europeia. Atualmente os dois selos são utilizados em conjunto, havendo indicações de que o selo AB será substituído pelo da União Europeia, futuramente. 


A certificação funciona da seguinte forma, o produtor tem acesso às regras (caderno de especificações técnicas) e, depois de ler e concordar com elas, pede sua adesão. Após a adesão ele recebe uma visita de inspeção uma vez por ano, momento em que são avaliadas as faturas de compras (recibos dos pagamentos de insumos), para ter certeza que os produtos comprados foram orgânicos. Também são realizadas análises da terra e às vezes das próprias hortaliças.

O agricultor pode escolher a estrutura que vai ser responsável pela sua certificação, Arnaud encontrou uma organização bem pequena, que trabalha em sua região. Além da visita anual, ela faz de uma a duas visitas durante o ano, sem avisar a data em que virá, momento em que faz a fiscalização e observa se tudo está de acordo com as regras. O preço da certificação depende do tamanho da terra e do número de visitas realizadas, quanto maior a área e a quantidade de visitas, maior o valor pago. No caso dele o custo dos 6 ha com duas a três visitas ao ano fica em 500 euros.

Arnaud e seu pai, Hélio, ao lado da placa de identificação de seus produtos
Todo esse trabalho e realizado somente pela família, na parte da produção ele conta com o apoio do pai (que é aposentado) e uma jovem que contratou em tempo parcial. O pai ajuda-o todos os dias, uns dias mais que outros. A jovem foi contratada para trabalhar em tempo parcial, incluindo as manhãs de sábado na feira.

A maioria do trabalho é realizado na área das estufas, onde são plantados os cultivos rápidos. Além dos trabalhos relacionados ao plantio e aos tratos culturais, são necessárias duas horas de trabalho administrativo por semana. Durante esse tempo são feitas as encomendas de sementes, o controle dos "paniers" e pesquisas relacionadas à produção.

Arnaud, que tem formação técnica em eletromecânica, está bem integrado nos circuitos de economia solidária, além das suas formas de comercialização, que priorizam os circuitos curtos, ele ajuda uma agricultora com a manutenção de suas máquinas e, em troca ela ajuda-o nos momentos de maior trabalho, durante as safras.

Dessa forma ele contribui para a criação de uma proposta diferente de desenvolvimento, buscando o fortalecimento das redes sociais locais e a produção de alimentos de forma saudável e equilibrada.

"É um trabalho diário, mas eu estou feliz, sempre quis ser agricultor e fazer isso."
Arnaud Nunes, Inverno de 2014, Saint-Dizier, France.

Enviada por:
José Roberto Oliveira

 Mathilde Chaigneau
France