sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

III Seminário de História Indígena - Caboclo Marcelino: História, Cultura e Luta dos Povos Indígenas do Sul da Bahia


O III Seminário de História Indígena - Caboclo Marcelino: História, Cultura e Luta dos Povos Indígenas do Sul da Bahia tem sua história relacionada ao desejo dos discentes e docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC em tornar a temática indígena como um dos temas fundamentais desta instituição. Foi durante as aulas da disciplina de História Indígena, administrada pela Profa. Teresinha Marcis, em 2008, que surgiu o I Seminário de História Indígena, marcado desde então pela expressiva participação dos estudantes de História em sua organização. Algo que se repetiu em 2009, contando com a participação na organização do Prof. Carlos José F. Santos e que agora (2011) volta acontecer. 

O evento vem ganhando expressão e importância pela significativa presença dos estudantes em sua organização; por seu caráter interdisciplinar (este ano participam: historiadores, educadores, antropólogos, sociólogos, psicanalistas, profissionais da área jurídica); e pela presença da população indígena, entre os discentes e docentes da UESC. Mas, acima de tudo, o Seminário importa por vivermos numa região (Sul da Bahia) formada por povos indígenas que ainda encontram-se na luta pela demarcação de suas terras ancestrais - Tupinambá, Pataxó, Pataxó Hã Hã Hãe.

Por isto que a organização do Seminário Caboclo Marcelino ocorreu através de reuniões abertas, com a possibilidade de participação em sua organização de pessoas da comunidade universitária e indígena. Da mesma forma, a intenção é sempre contar com a presença dos povos indígenas na organização do evento e em todos os seus momentos como participantes em suas mesas, oficinas, seminários, mostras de filmes e expressões culturais/rituais, a exemplo do Porancy.

Ou seja, este Seminário, que carrega em seu nome a importante figura do guerreiro indígena Caboclo Marcelino, apesar de ser realizado este ano somente dentro da UESC, tem como um de seus propósitos ser um evento que não fique restrito ao mundo acadêmico. O objetivo é que ele seja resultado da ação da comunidade local/regional, especialmente, a indígena. Por isto a ideia é que o Seminário ocorra sempre no mês de setembro, próximo ao último domingo, quando acontece a “Caminhada Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e à Luta de Caboclo Marcelino”. Este ano isto não ocorreu em decorrência da greve dos professores, estudantes e funcionários da UESC.

Deste modo, queremos que este evento não ocorra apenas por uma necessidade acadêmica ou resultante da obrigatoriedade estabelecida pela Lei 11.645, de 10 março de 2008, que: “estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Para os próximos anos a intenção é realizá-lo também fora do espaço físico da universidade, contando cada vez mais com a participação da população indígena em sua organização e realização.

Ao mesmo tempo, vale salientar que a proposta do Seminário é ampliar, aprofundar e contribuir com a discussão sobre a história, memória, cultura e lutas (passadas e atuais) dos povos indígenas do Sul da Bahia, mas também de outros lugares, no Brasil e na América Latina. Desejamos contribuir com a luta contra a criminalização, atentados e racismo que vivencia a população indígena brasileira e latino-americana na luta por suas terras ancestrais e reconhecimento étnico:

A força dos povos indígenas brasileiros, assim como da América, vem da natureza de “la Madre Tierra" - Pachamama". A luta pelas terras tradicionais não é para a obtenção de propriedades. É a luta pelo sagrado, pela natureza e por aqueles que mais a preservam: os índios. Quando um índio está na natureza ele não está só. Com ele estão: o sagrado, seus ancestrais, os parentes mortos e vivos. Como escreveu Aguirre Rojas sobre a luta indígena em Chiapas no México: "los dignos indígenas rebeldes de Chiapas hablan de la tierra la que para ellos, igual que para los indígenas ecuatorianos o bolivianos, y también para los índios brasileños (ou argentinos), no connota a un simple bien comercial y transferible, ni a un pedazo geográfico del terreno degradado a la condición de mercancía, sino más bien a la verdadera “Madre Tierra”, a la “Pachamama”, concebida como fuente general e imprescindible de la vida..." (SANTOS, Carlos José F. ”A Solidão na Metrópole: a cidade Pós-Moderna”. In: Ia. Jornada Internacional “Mal-Estar en la Cultura: la Soledad. São Paulo/General Del Pico: Proyecto Etcétera y Tal... psicoanálisis y sociedad - Digitado, 2011)

Desta forma, fazemos nossas as palavras que estão no sítio Índios Online:

O Estado Brasileiro tem uma dívida histórica com os Povos Indígenas, é preciso mais que urgente que todos os cidadãos brasileiros somem forças para cobrar que esta dívida seja definitivamente paga com a demarcação dos Territórios Tradicionais. É por causa dessa inércia do Estado que somos obrigados a fazer por nossa conta e risco a auto-demarcação de nossos Territórios Tradicionais. Nós Indígenas não somos invasores de terras. Quando o Brasil foi invadido pelos portugueses, aqui já existiam os hoje chamados indígenas. Nossos ancestrais já habitavam este território chamado Brasil (http://www.indiosonline.org.br/novo/cacique-maria-valdelice-presa-injustamente/comment-page-1/#comment-15881).

Bom Seminário para todas e todos!

Oração do sol 
Oh grande espírito, cuja voz ouço nos ventos e cujo alento dá vida a todo o mundo.
Ouve-me!
Sou pequeno e fraco, sou pequeno e fraco, necessito de tua força e sobedoria.
Deixa-me andar em beleza e faz com que meus olhos possam sempre contemplar o vermelho e a púrpura do pôr-do-sol.
Faz com que minhas mãos respeitem tudo o que fizeste e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir tua voz.
Faz-me sábia e sábio para que eu possa compreender as coisa que ensinaste ao meu povo.
Deixa-me aprender as lições que escondestes em cada folha, em cada rocha.
Busco força, não para ser maior que meu irmão e irmã, mas, para lutar contra meu maior inimigo - eu mesmo .
Faz-me sempre pronta e pronto para chegar a ti com as mãos limpas e com o olhos firme a fim de que, quando a vida apooar, como se apooa o poente, o meu espírito possa estar contigo sem se envergonhar.

Awere!!!

Programação entre no link: http://seminariocaboclomarcelino.blogspot.com/p/programacao.html

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