quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nota de repúdio à portaria do Governo Federal que manipula decisão do STF


O Conselho Indigenista Missionário, Cimi, vem a público manifestar indignação frente à publicação, neste dia 17 de julho, da portaria 303, no Diário Oficial da União.

O Governo Federal, fazendo uso da Advocacia Geral da União, manipula, escandalosamente, a decisão do Supremo Tribunal Federal, tomada no âmbito da Petição 3388, que diz respeito exclusivamente ao caso da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no estado de Roraima, não possuindo, portanto, efeito vinculante. Nesse sentido, já há três decisões liminares de Ministros do STF que manifestam esse entendimento. Além do mais, o caso ainda não transitou em julgado. Com a presente portaria, o Governo desvirtua a decisão da Suprema Corte generalizando e retroagindo a aplicabilidade das chamadas “condicionantes” emanadas no julgamento do caso citado.

O absurdo é tamanho que o Executivo chega ao ponto de determinar que sejam “revistos” os procedimentos em curso que estejam em desacordo com a portaria, bem como, que sejam “revistos e adequados” até mesmo os procedimentos já “finalizados”. Em momento algum os Ministros do STF deram qualquer indicação de que as “condicionantes” teriam essa extensão. Esse dispositivo previsto no artigo 3 da referida portaria, constitui-se um ato inconseqüente e de extrema irresponsabilidade na medida em que propõe a revisão das demarcações de terras já concluídas, o que geraria uma instabilidade jurídica e política sem precedentes. Na prática, isso significaria a conflagração generalizada de conflitos fundiários envolvendo a posse das terras indígenas, inclusive a reabertura daqueles anteriormente solucionados com o ato demarcatório.

A real intencionalidade do Governo brasileiro ao editar a presente portaria não é outra senão a de tentar estancar de vez os procedimentos de reconhecimento de demarcação de terras indígenas no país. Usando uma decisão do STF como subterfúgio, o Governo Federal, mais uma vez, “dobra os joelhos” e, rezando a cartilha do capital ditada pelo agronegócio, tenta pôr uma “pá de cal” sobre o artigo 231 da Carta Magna de nosso país.

A presente portaria é uma excrescência jurídica e dessa forma deverá ser tratada. Constitui-se, no máximo, numa peça política mal formulada. Trata-se de mais um ato de profundo desrespeito e afronta aos povos indígenas e seus direitos constitucionalmente garantidos.

O Cimi tem plena convicção de que os Ministros do STF não permitirão que suas decisões sejam usadas para atacar os preceitos constitucionais vigentes.
O Cimi, junto com os povos indígenas do Brasil, fará uso de todos os meios jurídicos possíveis para demonstrar a ilegitimidade e a ilegalidade desta portaria.

Brasília, DF, 17 de julho de 2012

Conselho Indigenista Missionário.

Conflito em Rio dos Macacos leva à morte de morador de 75 anos


A sistemática violação dos direitos humanos por parte da Marinha do Brasil na área quilombola do Rio dos Macacos leva a comunidade ao nível de tensão altissimo, provocando vários tipos de problemas graves e, inclusive, mortes. Como ontem se deu com um senhor de 75 anos. Leia o desabafo de Vilma Reis, escrito depois do enterro do morador:

Sepultamento e Revolta em Rio dos Macacos

Hoje à tarde vivemos o inacreditável, fomos ao enterro de um morador de Rio dos Macacos, no Cemitério de Periperi, que depois de deliberada ação de assédio por parte da Marinha do Brasil, depois de ver muitas árvores que ele plantou morrerem misteriosamente envenenadas, ainda na semana passada ouviu de uma moradora da Vila Naval, construção irregular dentro do Território Quilombola (…): “O senhor e todos os seus vão embora, o senhor será o primeiro”; este homem de 75 anos não aguentou a pressão, passou mal, infartou, foi internado no Hospital do Subúrbio no final de semana e na madrugada de ontem para hoje veio a óbito.

Não podemos ficar em silêncio. Que o Relatório do INCRA tenha força da luta de todos e todas que acreditam na justeza da causa de Rio dos Macacos, que luta numa batalha desigual contra a Marinha de Guerra do Brasil.

O mesmo modus operandi usado para matar dona Maria do Paraguassú e seu Altino, está sendo movido contra Rio dos Macacos, esta foi a causa mortis de seu Antonio. Não ficaremos em silêncio.

Outras pessoas mais velhas da Comunidade Quilombola Rio dos Macacos, após saber da morte de Seu Antônio, passaram mal e estão no hospital ou necessitaram de cuidados especiais. Chega! Veta a Marinha, Dilma, a senhora presidente foi uma vítima direta das forças de armadas deste país.

Não iremos a outro enterro; muitas pessoas passaram mal no enterro.

Presidente, veta a Marinha, Veta Dilma, VETA!!!!
Saudações Quilombolas!!!
Viva deus e as águas!!!

Vilma Reis
CDCN-Bahia

Feira de Sementes e Mudas dos Quilombos do Vale do Ribeira (SP)


Sobre o projeto

O que é a Feira?

É uma iniciativa do Instituto Socioambiental – ISA em parceria com as associações das comunidades quilombolas, EAACONE- Entidade de Articulação das Associações das Comunidades Negras do Vale do Ribeira, FACQUIVAR- Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, ITESP- Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo, FF- Fundação Florestal do Est. SP, USP-Leste e Prefeituras de Eldorado, Iporanga, Apiai, Itaóca e Registro.

A feira de trocas de sementes e mudas visa reforçar a importância da roça na manutenção da cultura quilombola do Vale do Ribeira para garantir a segurança alimentar das comunidades envolvidas. Este evento mobiliza as comunidades, a população da cidade de Eldorado -SP e os convidados, resultando em troca de sementes, mudas e outros produtos tradicionais. O trabalho agrícola é a principal atividade produtiva nos quilombos do Vale do Ribeira. Empenhados em produzir alimento para o sustento das famílias, homens e mulheres cultivam arroz, feijão, milho, mandioca, cana, banana e uma variedade de outros tubérculos, verduras, hortaliças e frutas. O reconhecimento da importância das roças para a subsistência e segurança alimentar das comunidades quilombolas é notório e recorrente. A atividade de cultivo supõe um conjunto de relações, saberes e práticas que, ancorados em valores compartilhados, serve de base para a organização sociocultural quilombola. A roça é o centro deste sistema agrícola e por isso, se decai, leva consigo uma série de outros aspectos caros à manutenção do patrimônio cultural das comunidades quilombolas.

Antecede a Feira um Seminário, que terá como tema o papel da roça na segurança alimentar e na cultura quilombola, prevê a participação de cerca de 100 pessoas, representando as 25 comunidades presentes, instituições parceiras, outras comunidades tradicionais e gestores públicos. Espera-se do conjunto de relatos dos quilombolas uma discussão a respeito da questão das roças, inserção dos jovens nas atividades tradicionais e políticas públicas de valorização e conservação das roças e sementes.

Data e Local:
Seminário – Data: 17/08/2012
Feira – Data: 18/08/2012
Local: Praça Nossa Senhora da Guia no município de Eldorado, Vale do Ribeira (SP)

Durante a feira grupos culturais vindos das comunidades se apresentarão.

Você sabe o que é uma comunidade quilombola?

É uma comunidade negra rural habitada por descendentes de africanos escravizados, com laços de parentesco, que vivem da agricultura de subsistência, em terra doada, comprada ou secularmente ocupada por seus antepassados, os quais mantêm suas tradições culturais e as vivenciam no presente, como suas histórias e seu código de ética, que são transmitidos oralmente de geração a geração.

Por que precisamos da sua doação?

Para garantir a realização da V Feira de Trocas de Sementes e Mudas e o Seminário de trocas de experiência.
Durante 4 anos a feira foi realizada e os resultados obtidos foram positivos no sentido de garantir a segurança alimentar dessas comunidades, dada a importância queremos dar continuidade e realizar a V edição da feira para isso precisamos de você!

Ajude a realizar este evento, faça a sua doação!

Confira o orçamento na aba atualizações!

Visite o nosso site: www.socioambiental.org

Comunidades Eclesiais de Base realizam encontro do Nordeste em Itabuna

  Começa nesta quinta-feira,19, e se estende até o próximo domingo, 22, em Itabuna, o 6º Nordestão das Comunidades Eclesiais de Base(CEBs) da Igreja Católica, onde abordará o tema “Justiça e Profecia a Serviço da Vida no Nordeste”.
Segundo a coordenadora do encontro Ana Maria, participarão cerca de 600 pessoas entre delegados de todos os Estados da região Nordeste brasileira, e membros das equipes de trabalho oriundas dos municípios que compõem a Diocese de Itabuna.
As atividades ocorrerão na Vila Olímpica e no Colégio Lourdes Veloso, bairro São Caetano. Celebrações, oficinas, estudos, e momentos culturais fazem parte da programação que inicia às 19h, desta quinta, na Vila Olímpica. Padres, lideranças e autoridades eclesiais a exemplo do Bispo Dom Ceslau Stanula estão confirmados na abertura.

O encontro conta com apoio de instituições religiosas, empresas, prefeituras e do deputado Estadual Yulo Oiticica(PT).

Assessoria

As oficinas temáticas que darão o tom do encontro discutirão os temas como espiritualidade, ecologia, políticas públicas, movimentos sociais e sustentabilidade. A assessoria ficará por conta do juiz Jorge Moreno, do pastor Marcos Monteiro e do Frei Gilvander.
As Comunidades Eclesiais de Base surgiram na década de 60, no contexto do Concílio Vaticano II, que segundo os seus seguidores, resgatou a dimensão comunitária do Evangelho e a relação da Igreja com a realidade social.

Fonte: http://www.blogtempopresente.com